Google+ Transpessoal e Fenomenologia Existencial: 19 de out. de 2012

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Olhar Transpessoal - Filmes

Número 9 (The Nines, 2007)

Diretor: John August
Roteiro: John August
Elenco: Ryan Reynolds, Melissa McCarthy, Hope Davis, Elle Fanning, Dahlia Salem, Ben Falcone, Octavia Spencer







Assisti a este longa metragem na TV aberta, de madrugada, totalmente sem compromisso e a menor idéia do que ia presenciar. Não se trata de um sucesso de bilheteria, talvez justamente por parecer confuso e sem sentido, se analisado sob uma pespectiva tradicional. 

No filme, somos apresentados a três histórias: Na primeira, Ryan Reinolds é um ator problemático, metido com drogas e álcool, que acaba penalizado com a prisão domiciliar. Nesse período, encontra pistas e suspeitas que sempre levam-no ao número nove, de um modo bastante intrigante. Há duas mulheres na trama, sendo uma assistente (Melissa MC Carthy) e uma vizinha (Hope Davis). Ambas tentam mostrar a ele quem ele realmente é, e o que é o mundo, na verdade. Tudo é meio confuso, e pouco esclarecedor. A vizinha (Melissa Mc Carthy) lhe diz: "Vou tirar-lhe daqui, vou dar um jeito", enquanto a assistente (Hope Davis) lhe diz que ele não é quem pensa ser, extrapolando a sua identidade de ator e homem comum, explicando um possível significado para o "número nove". Chega-se a um clímax, e a trama inicial termina bruscamente, quando ele rompe um limite inicialmente imposto sobre ele. 


Descrevi de maneira pouco detalhada, pois acho importante que você possa assistir ao filme, e se prenda a ele, mesmo após ler esse texto. Enquanto assistia ao filme, pude fazer uma leitura do ponto de vista da Psicologia Transpessoal, relacionada ao conceito de COEX da dependência, e do espectro da consciência. A meu ver, é justamente disso que se trata o filme: da ampliação da consciência a respeito da relação de dependência, em direção a uma independência. Esse processo inevitavelmente inclui a consciência de si mesmo e consciência da realidade. A cada história, vemos a personagem principal de Ryan Reinolds expandir a sua consciência, através do encontro com novas situações e condições, e principalmente, através da relação de inter-dependência com as duas mulheres que estão sempre presentes. 


Na segunda história, Ryan continua no mesmo ambiente do "showbizz", lidando com atores, diretores e produtores, mas agora ele tem mais poder - conversa com a produtora que está interessada em seu roteiro, sugere atores e atrizes para viverem os personagens, classifica a audiência do seu programa em nove tipos (mais uma pista sobre a natureza do número nove na trama...), e percebemos que as pistas encontradas na história anterior são fragmentos de um todo mais complexo, relacionado com o universo de produção, direção e contatos profissionais, que servem para a realização de um projeto pessoal. Surge também uma nova personagem, uma menina que faz o papel de filha, dentro do roteiro escrito pela personagem de Ryan. 


Finalmente, a última trama concentra elementos comuns das duas anteriores. A situação apresentada, agora é distinta, mas, da mesma forma o número nove está presente. Dessa vez o nove tem um significado bem mais complexo do que antes, indicando a definição de um ser com características divinas, de uma força que move toda uma realidade, e continuamente cria um grande jogo envolvendo outros seres, que são as duas mulheres e a criança. O modo de dependência também se apresenta aqui, em um nível mais expandido.

O personagem principal encontra-se em dois lugares simultaneamente: dentro de um filme e no mundo real, uma característica da ampliação da consciência. Ryan Reinolds, dessa vez, é um pai de família que se perde dentro de um parque florestal com a sua esposa e filha (Melissa Mc Carthy e Elle Fanning), e no meio do caminho encontra a personagem de Hope Davis, que no começo do filme havia lhe dito que iria tirá-lo dessa situação, e tenta novamente fazê-lo num nível aparentemente transcendental. A personagem de Ryan fica frente a um dilema que o obriga a realizar escolhas, as quais sempre chegam a outros níveis e tramas, em função da relação de interdependência existente entre todos os personagens.

Do ponto de vista pessoal, o filme trata do tema da dependência. A personagem principal é um dependente afetivo, assim como o são as duas mulheres e a menina, em relação a este. O que varia é a intensidade e a abrangência, desse tipo de comportamento de dependência.

O final do filme revela uma última reviravolta na trama. O desfecho da história também serve aos propósitos "hollywoodianos" de tentar agradar ao público no final, e mostrar um final feliz. 

Por fim, é importante dizer que nem todas as experiências seguem o padrão ou a linha perinatal, o que também é o caso desse filme. A relação estabelecida foi com o sistema de experiências condensadas (COEX), que também é a base das Matrizes Perinatais, mas que no caso deste filme, não se aproxima do domínio perinatal.