Google+ Transpessoal e Fenomenologia Existencial: 03/01/2009 - 04/01/2009

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Sobre a Psicoterapia

Sobre a Psicoterapia – Antonio Vaszken

Muita gente quando ouve falar em psicoterapia pode imaginar erroneamente uma situação onde alguém está prestes a ficar desequilibrado mentalmente, ou alguém precisa ser controlado na agressividade, na desobediência, rebeldia, ou ainda tornar alguém capaz de seguir um tipo de padrão. Ninguém está na vida para ser controlado, dirigido, impedido de ser livre, ou posto num lugar onde não lhe pertence.

Na verdade, vivemos nossas vidas durante muito tempo sem ter a noção daquilo que estamos sentindo, de quais coisas gostamos, do por quê precisamos de algumas relações, ou por quê não nos sentimos do jeito que achamos que deveríamos.

Isso acontece por estarmos olhando para nós mesmos a partir de um referencial comparativo, e meramente externo, onde esperamos encontrar respostas sobre essas perguntas em outras pessoas – nos amigos, pais, família, colegas – ou na cultura, quer seja observando comportamentos de outros grupos, ouvindo falar como deveriam ser as coisas, etc.

Essa maneira de ver é baseada no senso comum, onde as pessoas devem se comportar de uma maneira correta ou normal. Em geral, vemos que não somos nós quem temos problema, são os outros que não atendem às nossas expectativas.

A psicologia tem várias linhas de pensamento e métodos de trabalho como a Psicanálise, Cognitivo Comportamental, Existencialista, Transpessoal. De uma maneira geral, são baseadas em visões de ser-humano e de saúde. Essas visões, que podem ser parecidas ou distintas entre si, formam a base que o psicólogo se utiliza para tratar os pacientes. Tais fundamentos, e mais o treinamento que se tem para lidar com o discurso e as questões da vida dos pacientes, já servem como auxílio para que possa ocorrer um processo de auto-conhecimento.

Apesar disso, muitos pacientes (ou clientes, como alguns costumam chamar) ainda questionam os psicólogos quando estes são ou parecem ser muito novos, e portanto, segundo o senso comum, inexperientes na vida e supostamente incapazes de cumprirem com a função de ajuda.

Trata-se de compreender que tal situação de profissional jovem não necessariamente implica em incapacidade, pois a competência profissional não depende exclusivamente da experiência de vida pessoal, mas sim do treinamento e formação que se obtém durante a faculdade e cursos de aperfeiçoamento.

O senso comum não se aplica dentro do contexto terapêutico, ainda que ele esteja presente em questões pessoais do paciente. Porém, o psicólogo é treinado a não seguir esse senso comum, que diz aquilo que a estatística ou as médias populacionais dizem a respeito do que é normal ou do que não é normal.

Ele tem como base outros fundamentos que dizem respeito àquilo que mais se aproxima da realidade psíquica dos pacientes, ou seja, do ponto de vista dos pacientes a respeito da sua própria existência. De uma maneira resumida, o que faz com que nos comportemos de uma ou de outra maneira é como vemos e compreendemos a nós mesmos e o mundo que nos rodeia. O psicólogo tem uma função terapêutica de compreender como é a visão de mundo e de si mesmo do seu paciente, sem julgamentos, sem dizer se ele está certo ou errado.

Por exemplo, se uma paciente tem dificuldade de relacionamento com os pais, onde eles vivem criticando suas escolhas e atitudes, e ela vive se queixando da cobrança deles, etc, o senso comum diria o que? Que uma das pessoas está errada, que ou os pais devem mudar, ou a pessoa deve mudar, pois alguém ou alguma coisa está errada. Então, é preciso mudar o comportamento, ou dar alguns conselhos para fazer com que o paciente mude de atitude, mude de valores. Ou então ajuda-lo a conviver com os pais de uma maneira mais realista.

Saindo do senso comum, o psicólogo não julga e não critica, e só isso já é uma grande coisa, pois o paciente não se sente cobrado, e pode perceber se ele mesmo não está se julgando e criticando, mais até do que os outros possam estar fazendo. Um dos objetivos mais importantes, senão o mais importante da psicoterapia, é fazer cada pessoa se sentir e saber que é responsável por sua própria existência. Nesse caso específico citado, o paciente precisa escolher o que ele quer fazer da sua vida, se ele vai continuar dependendo dos pais, da opinião deles, descobrir do que ele gosta e o que quer para que sua existência seja mais plena e completa. Por que, por exemplo, ele escolheu usar drogas? Será que as drogas são a única coisa boa na vida, ou existem outras maneiras de se sentir bem consigo mesmo? Será que suas relações não estão fazendo com que ele se afaste das pessoas, por motivos pessoais? É assim que costuma trabalhar um terapeuta em um caso como este. Fazer a própria pessoa perceber todos os aspectos da sua vida, de que maneira a pessoa se coloca nas diversas situações da vida.

A função de tentar controlar a vida dos outros não é saudável para nenhuma das partes. Talvez durante a fase onde a criança precisa de modelos a seguir, precisa que lhe digam o que é certo e errado, o que fazer em certas situações, isso possa ser um tipo de controle. Depois, o que acontece é que cada pessoa passa a ser controlada por seus próprios pensamentos, crenças, condicionamentos, e nem sempre percebe-se responsável por sua própria maneira de viver a vida.

O paradigma, ou modelo que se tem no senso comum é o de controle: controle de si mesmo, controle da vida, controle dos outros, em alguns casos. Os pais querem controlar os filhos, fazer com que eles sejam mais educados e inteligentes, que estudem mais, e prestem atenção na escola. Alguém que nunca fez terapia antes quando criança, e chega num consultório de psicologia em idade adulta, cheio de dúvidas e questionamentos, pode sentir em algum momento que será controlado pelo terapeuta, ou sem perceber pode tentar controla-lo. Ou então quem chega com um problema específico, quer uma resposta e solução rápidas, quer saber como controlar o próprio comportamento, os sentimentos, as ações.

Essa visão de controle que existe no senso comum e na vida cotidiana não se aplica dentro dos consultórios, mesmo nos casos onde seja exigido um rigoroso acompanhamento do paciente, em casos de álcool e drogas, ou em compulsões e estados emocionais patológicos graves. O que existe é um acompanhamento rigoroso, que leva em conta cada movimento, comportamento, pensamento, para que assim o paciente possa perceber clara e mais facilmente tudo o que acontece com ele, e tenha mais oportunidade de escolher mudar.

Finalizando, gostaria de deixar clara a distinção entre a maneira pela qual se vive no dia a dia, que é uma maneira onde o controle, o julgamento, o medo e o engano podem estar presentes. E a maneira de estar presente no consultório de um psicólogo ou terapeuta, que não julga, não controla o comportamento do paciente, não usa o medo ou o engano como motivação para o paciente. Busca a autenticidade, ser verdadeiro consigo e com este, tentando esclarecer tudo o que se passa dentro de cada pessoa que está na sua frente.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ESPIRITUALIDADE

Ser-Humano e Robôs

Hoje em dia não usamos muito o termo "robô". Tal palavra era usada nos anos 60 ou 70, e acredito que até um pouco depois. Hoje em dia ouvimos "ciborgue", que significa "cybernetic organism" ou organismo cibernético, no caso de filmes como "Exterminador do Futuro". Atualmente já se trabalha com o conceito de Inteligência Artificial, que é uma realidade concreta, cada vez mais avançada. O quociente de inteligência de tais máquinas vai aumentando a cada ano. Enquanto os cérebros eletrônicos não forem construídos e montados de maneira semelhante ao nosso cérebro humano, principalmente levando em conta a estrutura neuronal, parece que não temos muito com o que se preocupar. O sistema binário de zeros e uns ainda é distante do sistema neuronal e de redes com o qual nosso cérebro parece funcionar.

Conforme a visão a respeito do futuro e da própria realidade social e tecnológica vai mudando, menos otimista é a perspectiva. Fazemos os robôs e cérebros eletrônicos à nossa imagem, ou seja, procuramos replicar a nossa maneira de pensar, perceber e compreender o mundo aplicada às criaturas robóticas e às criações de inteligência artificial. O computador é uma tecnologia atualmente interativa, e mesmo que não tenha inteligência do mesmo grau da humana, é uma tentativa de criar um espaço interativo e inteligível sem a necessidade da presença de outro ser humano.

Sendo a inteligência artificial (IA) uma criação humana, projetamos nela as nossas inseguranças, pensamentos e maneiras de perceber o mundo. No caso específico da relação IA x Homem, o que percebemos? A IA é vista pela ficção científica e pela ciência de cunho mais crítico uma grande ameaça à própria humanidade. Já estamos esperando que chegue o dia em que as máquinas e robôs substituam os humanos nas decisões corporativas. Já se observa uma subtituição de trabalho humano braçal por trabalho robótico em fábricas e em processos de produção em série, por exemplo. O ser humano não é mais páreo para o computador no xadrez, o campeão mundial de xadrez perdeu várias partidas para um supercomputador. Será que teremos também uma revolução dos robôs contra os humanos, como visto no filme “Exterminador do Futuro” ou “Eu, Robô”?

Se continuarmos a nos relacionar com a natureza, nosso criador, seja ele o que for, de uma maneira destruidora, é altamente provável que também estaremos criando seres que sejam capazes de nos destruir, como máquinas altamente inteligentes e perigosas.

Alguma alternativa menos ameaçadora à vista? Sugiro uma mudança na consciência humana. Se cada vez mais pessoas puderem enxergar que somos criaturas criadas por uma força criativa, e pararem de tentar controlar e lutar contra tal força, de uma maneira imatura e mesquinha, é possível que, além de melhorar a condição do nosso planeta, também enxerguemos a IA de uma maneira bem menos ameaçadora, dando a ela uma finalidade cooperativa e não meramente competitiva. Para isso é preciso enxergar o mundo, os outros e a natureza de uma forma diferente da que é vista agora pela ciência contemporânea.

Da mesma forma que a espiritualidade assume que existe uma forma de consciência superior presente em todas as formas de vida, e que o ser humano é uma criatura de tal forma superior, e nem por isso precisa controlar totalmente todas as características e qualidades manifestas e potenciais, mas sim respeitar o vasto campo de habitantes mundanos; então podemos construir, programar inteligências artificiais com leis semelhantes.

As 3 leis da robótica, de Isaac Asimov já deu uma grande contribuição nesse campo.

Abaixo, as 3 Leis da Robótica, da Wikipedia:
" As Três Leis da Robótica são leis que foram elaboradas pelo escritor Isaac Asimov em seu livro de ficção I, Robot ("Eu, Robô") que dirigem o comportamento dos robôs. São elas:
  • 1ª lei: um robô não pode fazer mal a um ser humano e nem, por inacção, permitir que algum mal lhe aconteça.
  • 2ª lei: um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, excepto quando estas contrariarem a primeira lei.
  • 3ª lei: um robô deve proteger a sua integridade física, desde que com isto não contrarie as duas primeiras leis.
Mais tarde foi introduzida uma "lei zero": um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inacção, permitir que ela sofra algum mal. Desse modo, o bem da humanidade é primordial ao dos indivíduos.
A chamada lei zero, porém, tem o sério problema de transferir ao robô o poder (possibilidade) de avaliar, diante das situações concretas, se o interesse da humanidade se sobrepõe ao interesse individual. Tal possibilidade abre uma perigosa brecha para a ditadura das máquinas, que elegeriam por si qual é o bem maior, sendo-lhe permitido, inclusive, fazer o mal a um ser humano (indivíduo), caso entendam que isso é melhor para a humanidade. Por essa razão, a chamada lei zero da robótica é questionada e sua existência não é um consenso."

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